sábado, 15 de novembro de 2008

As idades da vida

Livro: HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA
Autor: PHILIPPE ARIÉS
Atualmente, as crianças assim que começam a falar, ensinam-lhe o seu nome, o de seus pais, a sua idade, o que causaria espanto ao um homem do Séc. XVI e XVII, com todas essas exigencias de identidade civil.

Hoje, os hábitos de identidade civil estão ligados ao mundo da fantasia, que é o nome; ao mundo da tradição, que é o sobrenome e ao mundo da exatidão e do número que é a idade.

Acredita-se que somente a partie do Séc. XVIII os párocos passaram a fazer os registros com a exatidão ou o que se exige para fazer tal registro.

A importância pessoal da noção de idade teve ter se firmando à medida que os reformadores religiosos e civis impuseram nos documentos, a partir das camadas mais instruídas da sociedade, ou seja, no Séc. XVI, aquelas camadas que passavam pelos colégios.

Era comum nos Séc. XVI e XVII, colocar as idades nos retratos, tornando-se um objeto de atenção especial.
Esses documentos de família datados eram documentos históricos familiar, bem como os diários da família, onde eram anotados as contas, acontecimentos domésticos, nascimentos e mortes, com precisão cronológica.
No Séc. XVI tornou-se hábito de gravar ou pintar uma data nas camas, cofres, baús, armários, colheres, copos de cerimônia, correspondendo ao momento solene da história familiar, geralmente casamento.
Esse costume foi difundido na França, só desaparecendo no fim do Séc. XIX. Esse hábito desapareceu rapidamente da cidade e na corte, sendo considerado ingênuo e provinciano.
As "idades da vida" ocupam um lugar importante nos tratados pseudocientíficos da Idade Média. No espírito dos nossos ancestrais, as "idades da vida", ou "idade do homem" correspondiam a noções positivas, tão conhecidas, tão repetidas e tão usuais que passaram do domínio da ciência ao da experiência comum. Hoje em dia, não temos mais idéia da importância da noção de idades nas antigas representações do mundo.

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